Cada pessoa forma sua visão de mundo a
partir de suas representações, essas representações acontecem no tempo e no
espaço. Tanto para Schopenhauer quanto para Kant, a intuição envolve espaço e
tempo. A intuição faz parte da experiência em perfeita harmonia com suas leis,
o sentido externo é próprio ao espírito do homem, e assim os objetos que são
representados estão lançados no espaço. Existe, nesse sentido, uma relação do
interno com o externo através do tempo e do espaço. Esta relação são modos e
funções do sujeito, formas puras da intuição e princípio do conhecimento. O
espaço tem sua representação não a partir do fenômeno, mas sim mediante
existência a priori sendo ele forma da intuição e não coisa em si. Schopenhauer
considera tempo e espaço como algo intuído vazio de conteúdo, uma representação
que existe por si mesma. O espaço é efetivação da matéria onde se manifesta a
relação entre os corpos, onde o fazer efeito é sua essência. A matéria é
efetividade ou causalidade e essa efetivação no espaço está no cérebro. É assim
que todos os fenômenos podem existir no espaço infinito. O tempo é uma sucessão
de aniquilamento do momento anterior, a morte do que passou para se depositar o
presente, por sua vez, o presente também morre para que novamente algo seja
depositado em seu lugar, uma sucessão de colocar, aniquilar e colocar de novo;
e o presente é um intermediário entre o passado e o futuro, mas tudo será
igualmente aniquilado na sucessão do tempo, até mesmo o futuro.
O presente impõe o fim do momento
anterior. Nesse sentido, pode se dizer que o presente extermina aquilo que já
foi presente um dia, até mesmo o futuro deixará de ser, não existindo mais a
eternidade, e sim o limite e o fim. No tempo são depositadas as representações
que serão substituídas por outras representações, desta forma o tempo determina
a finitude da representação, pois o que agora é, em instantes deixará de ser. O
tempo é sucessão. Schopenhauer quer demonstrar a nulidade de tudo o que
acontece no espaço e no tempo, até mesmo as representações são finitas, pois é
possível substituí-las por novas representações. Com isso ele demonstra a
instabilidade de todo conhecimento representativo, inclusive o conhecimento
científico.
Pensando assim, Schopenhauer, através da
sucessão, deu ao tempo caráter de infinitude. tempo é um eterno deixar de ser e,
portanto, nulo, algo imaginário. Uma forma de apreensão do sujeito para a medida
dos movimentos. Até mesmo as representações são finitas no tempo, dando assim
instabilidade ao conhecimento, pois é possível substituí-las por novas
representações. Também os conceitos são representações abstratas finitas no
tempo e no espaço. Para ser mais exato, causa e motivo estão intimamente
relacionados às representações no tempo, possuindo existência relativa um para
o outro, o mesmo acontece com sujeito e objeto que tem sua existência um para o
outro, pois um é a causa do outro. Um fluir incessante, um devir no mundo da
possibilidade, onde cada ser representa seu próprio mundo a partir de conceitos
instáveis.
Mas
tempo e espaço não estão separados, não sobrevive cada um por si, na união de
ambos reside sua essência: no fazer-efeito ou na causalidade. Todos os
fenômenos no tempo e no espaço adquirem, com isso, caráter inumerável, e sem
limite. ― Inumeráveis finitos compondo o infinito. Esta é a essência da
matéria, fazer-efeito. Uma relação de causa e motivo que Schopenhauer também
chama de causalidade e que está relacionada ao princípio de razão suficiente do
devir. Existe, para a matéria, uma relação necessária entre espaço e tempo, por
isso eles são a essência da matéria, não podendo existir por si, mas sim um
para o outro.
Tudo
isso deve ser estudado à luz do entendimento que nada mais é do que a
capacidade de ordenar, unificar e fazer síntese para conhecer a causalidade,
estabelecendo assim novas relações de causa e efeito. Se toda matéria, ou
fenômeno, está no tempo e no espaço, e da relação necessária entre eles surge à
causalidade que deve ser estudada pelo entendimento, então toda matéria deve
ser estudada também pelo entendimento. Pois da relação da matéria com o
espaço/tempo surge à causalidade que é estudada a luz do entendimento.
Schopenhauer diferencia razão e entendimento, o princípio de razão está sujeito
a sucessão que o tempo impõe, tendo por única função elaborar conceitos e
representações abstratas, por esse motivo não pode fornecer um conhecimento
absoluto, mas sim relativo a causa e ao efeito. A função do entendimento é o
conhecimento imediato pela relação de causa e efeito.
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