11/10/2018

A GLOBALIZAÇÃO QUE NINGUÉM FALA

Eliani Gracez 

No final do século passado a globalização invadiu os mais variados âmbitos da sociedade. A esperança de um mundo global e sem fronteiras tomou conta a tal ponto que incontáveis pessoas passaram a se intitular cidadãos do mundo, e o planeta se tornou uma aldeia global. Não havia mais obstáculos para a circulação de pessoas e de mercadoria. Mas o que ninguém viu foi a globalização do trabalho escravo e a desvalorização do humano. Um exemplo de globalização é ir a um supermercado na Europa e encontrar o mesmo shampoo  vendido nos supermercados do Brasil. Uma padronização de marketing mundial de uma marca junto aos consumidores. Outro exemplo é uma empresa ter sua sede nos Estados Unidos, filial em vários lugares do mundo e ter equipamentos produzidos na china. Até aqui tudo bem! Mas a globalização que o mundo não fala é quando uma empresa busca alternativas para aumentar sua margem de lucro e se instala em países com mão de obra barata, longa jornada de trabalho, leis de trabalho flexíveis e usando muitas vezes mão de obra infantil. Com o avanço tecnológico empresas automatizadas demitiram funcionários, e assim a máquina substitui o humano. A eliminação de postos de trabalho e o trabalho escravo ou com mão de obra barata, é o lado perverso da globalização. A precariedade do emprego estável e com benefícios que favoreçam o trabalhador tem sido cada vez menos frequente, sendo substituídos por contratos e estágios temporários. A globalização fomentou a pobreza e a mão de obra barata. A globalização andou de mãos dadas com o capitalismo, e pessoas foram e são sacrificadas para obter uma maior lucratividade. A China é um bom exemplo, mão de obra abundante e de baixos salários, extensa jornada de trabalho sacrificando o meio ambiente em detrimento do lucro. No altar do lucro, para o capitalismo, vale qualquer sacrifício. A globalização e o capitalismo se deram à custa de pessoas exploradas, e agora os países desenvolvidos resolveram fechar as porta para os pobres e explorados, e fingir que o problema não é seu. Tudo virou descartável, até as pessoas. Por isso tanta falta de respeito. Afinal, o lugar do descartável é no lixo e não se respeita lixo. No momento em que se consideram pessoas descartáveis isso significa que elas são lixo e não seres humanos. Esse pensamento aliado ao capitalismo onde a pessoa obrigatoriamente tem que dar lucro ou então ela é inútil, causaram um estrago global. O animal racional não vê a solução e por isso se fecha em si mesmo. Isso explica aquilo que hoje está sendo chamado de conservadorismo. Um movimento contra a liquidez que se instalou no mundo onde não se queria mais passar a vida toda em um trabalho só. Onde não se queria mais estar casado com a mesma pessoa pela vida toda. A liquidez se contrapôs a solidez do passado. De um extremo a outro assim caminha a humanidade, embora o conservadorismo atual seja um falso conservadorismo. O conservadorismo atual é tão somente uma desculpa para a exclusão social e descartar pessoas em massa. Trata-se de um pseudo-conservadorismo, uma ideologia global de exclusão social.