28/08/2010

UM PAÍS SEM EDUCAÇÃO

Um dia eu acordei nesta terra, tão pequena ainda, não sabia o que seria a vida. No meu mundo, visto do portão da minha casa, eu não conseguia imaginar que a luta incessante pela vida mal estava por começar. Havia eu, como um anjo caído, parado em meio a uma guerra sangrenta. Rodeada, por todos os lados, por mutilados e mortos. Vi o descaso com a vida e a falta de respeito pelo ser humano. Mas, afinal, o que se pode esperar de um povo sem educação? A guerra que eu vi, pasmem vocês, era causada por condutores de veículos. Motoristas selvagens que matam sem dó e sem piedade. Julguei, na minha inocência infantil, ter vindo parar em um país sem lei, terra de ninguém. O tempo foi passando e a situação do trânsito piorando. O Brasil produz o equivalente a uma cidade de mutilados do trânsito quase que diariamente. Para piorar a situação, o governo brasileiro acredita que vai resolver o problema criando novas leis. Criar leis é fácil, o difícil é encontrar quem as cumpra. Lembro-me agora do que Aristóteles dizia: ”ótimo é aquele que de si mesmo conhece todas as coisas; bom, o que escuta os conselhos dos homens judiciosos. Mas o que por si não pensa, nem acolhe a sabedoria alheia, esse é, em verdade, um homem inteiramente inútil”. A questão que não quer calar é ─ como fazer com que esses inúteis, que não aprendem por si e não escutam aqueles que criam as leis, cumpram com a lei. Kant dizia que o princípio da corrupção está quando alguém se julga exceção a regra. Quando o condutor de um veículo passa no sinal vermelho, bebe e dirige e abusa da velocidade, ele o faz por se julgar exceção a lei. Tal criatura não passa de um corrupto que não aprende nada por si e nem ouve aos outros. Porque para quem quer aprender os jornais divulgam quase que diariamente a triste estatística da cruel mortalidade no trânsito ─ Uma verdadeira carnificina ─ A irresponsabilidade e imaturidade, neste país, custam vidas e mais vidas diariamente. Vidas que são ceifadas como se nada valessem. O lamentável da história é que a situação está para piorar, pois aumenta, a cada ano, o número de carros, de motos, de drogados, de irresponsáveis, e, sobretudo, de inúteis e corruptos. Como pôr um fim a tudo isso? A resposta é simples: com educação. Quem sabe, assim, no futuro, quando outras crianças acordarem nesta terra, elas encontrem um lugar melhor para viver.