20/01/2010

O HAITI E O VODU

Quando pensamos em vodu, logo nos vem a mente bonecos sendo espetados por agulhas. O vodu tem sua origem na África. Devido a escravidão, nativos africanos foram capturados e trocados por mercadoria. Alguns desses escravos foram parar na região onde hoje fica o Haiti. Após ter sido oficializada no Haiti, pelo ex-presidente Jean Bertrand Aristide, o vodu recebeu o mesmo status que a religião católica. Acredita-se que quase 100% da população haitiana sejam praticantes do vodu. Embora haja controvérsia com relação a essa estatística. Talvez fosse melhor dizer que o Haiti é 70% católico e 100% vodu. Alguns católicos afirmam que apenas 50% da população sejam praticantes do vodu. Controvérsias a parte, o vodu no Haiti é o ar que eles respiram, é o espírito mágico de um povo sofrido.
A busca pelo oculto revela a tentativa de ultrapassar os limites dos nossos sentidos. Queremos ir além do humano e penetrar nas fronteiras do oculto. Muito do conhecimento filosófico e científico teve sua origem em mistérios que aos poucos foram sendo revelados. A prática do vodu ultrapassa as fronteiras dos cinco sentidos humanos e penetra no mundo de zumbis, cemitérios e serpentes. Chamando com isso a atenção de pesquisadores que tem se dedicado ao assunto. O sacerdote vodu é curandeiro, adivinho e exorcista. Fazem parte dos rituais: bebidas, comidas e sacrifício de animais (porcos, galinha etc), que são oferecidos para as entidades cultuadas pelos vudoístas. Realizada a dança, a bebedeira e sacrifícios, as entidades tomam conta dos corpos de seus seguidores que, pela perda da consciência, não se lembram de nada após o término do ritual. Mas o que mais desperta a atenção dos pesquisadores, e popularizado pelo cinema norte americano, é o pó vodu. Um composto de ervas capaz de deixar uma pessoa em um estado de morte aparente. A vítima do “pó” quase não respira, tem a pele fria, os sinais vitais são praticamente imperceptíveis, mas ainda assim mantém a consciência. No período de guerra civil o pó vodu era ministrado em determinadas pessoas e posteriormente essas pessoas eram enterradas vivas para morrer. Esta prática de tortura nas mãos de ditadores causou pânico a população haitiana. No século XVIII, a região onde fica hoje o Haiti foi uma das mais prósperas colônias francesas devido a exportação de açúcar, cacau e café. Daquela época até os dias de hoje, os haitianos se rebelaram contra a servidão e posteriormente contra o domínio francês. Vários de seus governantes foram depostos ou morreram assassinados. Embora tenha o Haiti constituído um império negro a partir da cultura africana que chamou a atenção do mundo, seu povo ainda não encontrou paz de espírito.


06/01/2010

E SE DEUS FOSSE UMA DEUSA?!

O livro “A cabana”, um dos mais lidos dos últimos tempos, fala de um Deus mulher. Trata-se de uma Deusa gorda, negra e sorridente. E se Deus fosse realmente uma Deusa, como seria sua criação? A Deusa teria criado o mundo como mãe fecunda em seu grande útero cósmico, a imagem e semelhança de sua beleza feminina. A Deusa fecunda teria iluminado as trevas com a luz de seu brilho e organizaria o planeta para receber seus filhos ─ lumeeiros no céu, terra firme, água, flores, florestas. Bichinhos, não de pelúcia, como fazem as mães terrenas, mas feras de beleza inigualável. Panteras negras, leões, tigres, elefantes, passarinhos, peixes, répteis etc. Pela beleza de sua criação, teria sido Ela venerada por outros deuses. Deuses são seres perfeitos, e na perfeição não tem lugar para o machismo, a exclusão e a inferioridade. Deste modo, nós os mortais e filhos da Deusa, veneraríamos a Ela pela capacidade de dar a luz a um ser humano. Pediríamos que nos abençoasse com seu poder de mulher. A grande Deusa fecunda, amorosa e protetora, seria então venerada pelos filhos da terra. A doutrina da Grande mãe, Deusa criadora do céu e da terra, teve importância fundamental em civilizações do antigo mundo. Mas os romanos da antiguidade, fazendo uso somente da força bruta masculina, e sem nenhum envolvimento com o feminino que lhes desse algum equilíbrio, queriam tão somente conquistas e glória. Começa assim um dos capítulos mais sangrentos da opressão ao feminino. Homens envolvidos em ódio acabaram com o culto a grande Deusa mãe. Com o fim da devoção a Deusa, teve origem a ascensão de um Deus masculino e criador. Um Deus que cuida de seus filhos semelhante a uma mulher. Posteriormente, a “santa inquisição” tratou de aniquilar o pouco que restou desta devoção. Quantas mulheres foram queimadas vivas pela sua recusa a um Deus masculino, acusadas de bruxaria. O homem não poupou esforços para acabar com a força feminina, enfiando goela abaixo, com a espada e a fogueira, um Deus masculino. O culto a Deusa é uma das mais antigas religiões sobre o planeta. Cultos lunares de devoção a Deusa foram realizados no Egito e em outras partes do antigo mundo. Relatos dessa história podem ser encontrados nos livros “A tenda vermelha”, “O egípcio” e “As brumas de Avalon”. Nos dias atuais, as Wiccas são as detentoras do conhecimento sobre a grande Deusa mãe.