21/03/2013

O CAOS DA SAÚDE EM SÃO LEOPOLDO



A medicina, no século passado, saiu das catacumbas onde eram dissecados cadáveres para estudo, apoiada por almas sofridas e carentes de um alívio para a dor e o sofrimento causado por doenças, ferimentos de guerra, epidemias etc. Humildes depositários da esperança de uma cura para seus males.  Do submundo das catacumbas até os dias de hoje, a tecnologia avançou. Foi-se o tempo em que se abria um abdome, hoje, dois ou três furinhos resolvem o problema. Mas, para que serve todo esse desenvolvimento tecnológico se pessoas ainda morrem sem assistência médica como no passado. De que adianta diagnosticar o câncer precocemente se o que mata é fila de espera. Talvez, a catacumba do passado somente tenha ganhado uma roupagem nova e um nome diferente. O submundo hoje chama-se SUS (sistema único de saúde). Só para reforçar a tese de que o submundo da medicina ainda é o mesmo, citamos aqui a situação da cidade de São Leopoldo. No posto de saúde situado à rua Teodomiro Porto da Fonseca,  nº 810, inúmeras pessoas esperam a aproximadamente seis meses por uma cirurgia de câncer. Maria Izabel Lopes Peres é uma dessas pessoas. Com câncer de mama diagnosticado à seis meses, ainda não conseguiu a cirurgia para retirada do tumor. Familiares então decidiram entrar na justiça para obter o “direito” de Maria Izabel ser operada. O médico que acompanha o caso já forneceu amplo laudo à justiça sobre a gravidade do câncer, no entanto, não escreveu no laudo que câncer de mama mata. Por isso a documentação foi recusada pelo poder judiciário. Talvez nosso poder judiciário não saiba aquilo que o mais comum dos mortais sabe: câncer mata, e mata rápido. Mas, como pimenta nos olhos dos outros é colírio, a situação é esta. Resta saber quem vai matar mais rápido – se o câncer, a burocracia ou o sistema único de saúde. Tenho certeza que têm coisas que aniquilam com uma pessoa mais rápido  que o câncer, e uma delas se chama insensibilidade.  No passado da medicina houve uma separação entre mente e corpo, e assim pessoas passaram a ser tratadas como se fossem máquinas cheias de peças, um ser sem alma. Tem muita coisa ainda para ser descoberta, não somente sobre o corpo físico carregado por nós, mas também sobre o ser humano que habita este corpo. Afinal, somos maiores do que nosso próprio corpo. Somos seres dotados de uma inteligência que transcende o próprio corpo.

05/03/2013

TEMPO DE DESPERTAR


A natureza do tempo é igual a qualquer outra natureza rebelde e devastadora, caso não seja controlada. Pensando bem, talvez, na natureza do tempo estejam contidas todas as demais naturezas, inclusive a brevidade da vida, pois os anos de vida transcorrem rápidos, velozes, e quando nos damos de conta, a vida se foi. Não seria melhor cuidar do tempo como quem cuida de um bem. Se as pessoas fizessem um balanço de sua existência e vissem quanto tempo gastam em disputas de poder, quanto tempo perdido com brigas, quanto tempo perderam falando mal de alguém e cuidando da vida alheia, quanto tempo foi gasto com ódio e ira, ou, chorando por um amor não correspondido. ― Quanto tempo perdido! Veriam então que pouco tempo sobrou para a felicidade. O lamentável de tudo isso é que muitas pessoas somente se darão de conta disso, quando já não houver mais verdadeiramente tempo, quando o relógio da vida tiver encontrado seu fim. Cronos, cujo nome na mitologia grega significa tempo, engolia seus filhos para que pudesse reinar absoluto sobre a face da terra. Como bons filhos de Cronos que somos, estamos todos presos ao tempo até que o anjo da morte, Hades, nos sequestre. Cronos, o tempo, e, Hades, o anjo da morte, dois poderosos Titãs, governam majestosamente a vida sobre este planeta.  Passamos a vida no ventre do tempo para um dia sermos sequestrados abruptamente e quando menos esperamos, por ele, o senhor da morte. Mas não vamos nos preocupar, afinal, há tempo para tudo ─ tempo para nascer, tempo para crescer, tempo para amar e tempo para despertar. Embora a morte nos cause assombro, quem sabe, a pior morte seja aquela que acontece sem que nos demos de conta. A pior morte é a vida vazia e inútil. Lembro-me agora de Aristóteles que dizia: “ótimo é aquele que de si mesmo conhece todas as coisas; bom, o que escuta os conselhos dos homens judiciosos. Mas o que por si não pensa, nem acolhe a sabedoria alheia, esse é, em verdade, um homem inteiramente inútil”. Se você é uma daquelas raras pessoas que vive sua vida intensamente, creio que sua escolha foi a de enfrentar os problemas de frente, sem mascarar ou camuflar as dificuldades, sem drogas e sem Prozac. Não paralisou sua vida e nem tornou ela tediosa. Não se tornou um problema para si mesmo e nem para outras pessoas.  Por certo, você abandonou velhos costumes e aderiu ao novo. Deu um novo ritmo a sua existência na medida em que desliza por ela adquirindo conhecimento. Compreenda que foi para isso que você veio ao mundo, e não somente para nascer, crescer, reproduzir e morrer. Faça sua vida valer a pena de ser vivida, faça a diferença entre os mortos vivos que andam por aí. Não se torne somente um número, um CPF ou um RG a mais neste planeta.