A medicina, no século passado, saiu das
catacumbas onde eram dissecados cadáveres para estudo, apoiada por almas
sofridas e carentes de um alívio para a dor e o sofrimento causado por doenças,
ferimentos de guerra, epidemias etc. Humildes depositários da esperança de uma
cura para seus males. Do submundo das
catacumbas até os dias de hoje, a tecnologia avançou. Foi-se o tempo em que se
abria um abdome, hoje, dois ou três furinhos resolvem o problema. Mas, para que
serve todo esse desenvolvimento tecnológico se pessoas ainda morrem sem
assistência médica como no passado. De que adianta diagnosticar o câncer
precocemente se o que mata é fila de espera. Talvez, a catacumba do passado
somente tenha ganhado uma roupagem nova e um nome diferente. O submundo hoje
chama-se SUS (sistema único de saúde). Só para reforçar a tese de que o
submundo da medicina ainda é o mesmo, citamos aqui a situação da cidade de São
Leopoldo. No posto de saúde situado à rua Teodomiro Porto da Fonseca, nº 810, inúmeras pessoas esperam a
aproximadamente seis meses por uma cirurgia de câncer. Maria Izabel Lopes Peres
é uma dessas pessoas. Com câncer de mama diagnosticado à seis meses, ainda não
conseguiu a cirurgia para retirada do tumor. Familiares então decidiram entrar
na justiça para obter o “direito” de Maria Izabel ser operada. O médico que
acompanha o caso já forneceu amplo laudo à justiça sobre a gravidade do câncer,
no entanto, não escreveu no laudo que câncer de mama mata. Por isso a
documentação foi recusada pelo poder judiciário. Talvez nosso poder judiciário
não saiba aquilo que o mais comum dos mortais sabe: câncer mata, e mata rápido.
Mas, como pimenta nos olhos dos outros é colírio, a situação é esta. Resta
saber quem vai matar mais rápido – se o câncer, a burocracia ou o sistema único
de saúde. Tenho certeza que têm coisas que aniquilam com uma pessoa mais rápido
que o câncer, e uma delas se chama insensibilidade.
No
passado da medicina houve uma separação entre mente e corpo, e assim pessoas
passaram a ser tratadas como se fossem máquinas cheias de peças, um ser sem alma.
Tem muita coisa ainda para ser descoberta, não somente sobre o corpo físico
carregado por nós, mas também sobre o ser humano que habita este corpo. Afinal,
somos maiores do que nosso próprio corpo. Somos seres dotados de uma inteligência
que transcende o próprio corpo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário