16/07/2018

UM ARTIGO SEM TÍTULO

Eliani Gracez

Estou aqui quase tendo um treco, vocês entendem “treco”? Ou será que tenho que procurar em um dicionário, montar um Power point, me aconselhar com um especialista em linguística, em português, em etimologia e que tenha pós-doutorado para que “treco” seja então compreendido? Vocês nunca tiveram a vontade de torcer o pescoço de alguém?, ou será que sempre levaram uma vida kantiana, regrada, levantando sempre cedo, dormindo cedo e marcando hora para fazer sexo? Nesse caso, o sexo não é movido pela vontade e sim pela agenda. Vocês não tem noção de quantas pessoas fazem isso, marcam dia e hora até para isso. Lembro que tem alguns anos em um encontro de teoria do conhecimento na PUC-rs, uma professora norte americana que veio para o encontro me explicava que até quando ela escovava os dentes ela seguia um cronograma. Olha que eu me considero organizada, criei filhos, estudei, trabalhei, mantive a casa organizada, não perdi nenhum filho para as drogas, mas, confesso, eu só não tive um treco na frente daquela professora em respeito a sua obra, e, também, porque os brasileiros tratam bem aos estrangeiros. Podemos até maltratar o nosso povo, mas somos receptivos quando se trata de estrangeiros. Certo, confesso, gosto muito de ética, inclusive o meu trabalhos de conclusão em Psicanálise foi em ética, mas considero insuportável, reflexões sem fim que nos levam a lugar nenhum. Entendo por ética uma reflexão acerca da moral e não a moral em si. Mas tudo tem que ser avaliado a partir de uma ética? Um pouco de intuição e de irracionalidade pode facilitar a vida e nos levar a uma vida boa. Eu disse um pouco! Pessoas excessivamente organizadas tem medo do quê? De errar, de sofrer, de não serem bons o suficiente, de serem falíveis. Albert Einstein perguntava, se uma mesa cheia é sinal de mente desordenada, uma mesa vazia é sinal de quê? A essa altura vocês estão se perguntando por que estou quase tendo um treco? Não aguento mais ouvir falar em ética. Será que pessoas éticas são tão éticas assim como parecem ser?  O que é que uma pessoa INFALIVELMENTE ética esconde? Nada pode ser pior, segundo Platão, do que parecer ser sem ser. Algo você esconde, e isso que você esconde é irracional, por isso esconde. Muito bem, antes que eu tenha um treco, dá para mudar de assunto?

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