Eliani Gracez
Muito se falou sobre New Age (nova
era), mas pouco se fez para de fato viver uma nova era. New age é um movimento
de contracultura e contra dogmas que surgiu entre as décadas de 1960 e 1970, e pede
por uma nova ordem global, um novo modelo de consciência moral, social, enfim,
pede por uma nova psicologia onde haja uma simbiose com a natureza e o cosmo em
todas as suas dimensões. No entanto, a nova ordem tem como base princípios
teosóficos do século XIX e princípios metafísicos do passado. Uma tentativa de
estabelecer uma nova ordem global a partir do velho. Isso significa uma troca
de seis por meia dúzia. Tiraram a velharia que não servia mais e colocaram o
velho considerado mais adequado a liberdade de jovens daquela época. Talvez,
por isso, uma nova era, ou nova ordem global, tenha sido apenas um idealismo a
mais. A guerra continua e cada vez mais cruel. Irmãos nascidos para o amor
matam-se simultaneamente. Que nova era é essa? O paz e amor, tão anunciado, sucumbiram
em meio a violência e ao ódio que tomaram conta do planeta. No Brasil a
corrupção aniquilou com a confiança do povo que, descrente, não sabe em quem
votar, ou, ainda, se faz diferença votar. Afinal, tirar um corrupto e eleger
outro, assim como a New age, também é trocar seis por meia dúzia. O brasileiro
não confia mais na política brasileira, que possui, desde o passado, os pés na
lama. E agora, como estabelecer uma nova ordem em meio a tanta desordem? Seria
isso possível? Seria possível confiar de novo em quem se depositou a confiança
e o voto e depois se demonstrou ser uma decepção? Diz o ditado popular que
confiança uma vez perdida não tem como ter de volta. No passado eu votei no
Lula e posteriormente na Dilma, meus ideais se identificavam com a classe
trabalhadora e oprimida. Quando Dilma foi eleita fiquei feliz por ter uma
mulher no poder. Acreditei em uma nova era próspera. Ver Dilma governando o
Brasil na sombra de Lula foi decepcionante. O poder estava com ele e não com a
presidente. Mas voltemos a nossa questão: seria possível confiar novamente em
uma “instituição chamada política” que tanta decepção causou? Confesso, não
tenho a resposta, mas deixo a questão aberta ao debate civilizado, para que não
se caia na ilusão de uma nova ordem. Talvez, uma nova ordem só possa ser
estabelecida por quem nunca tenha participado de uma guerra e não tenha
emporcado a natureza de sangue, ou, quem sabe, a nova ordem tenha que ser
estabelecida por aqueles que já participaram de uma guerra e sabem o que é ver
sangue inocente derramado em campo de batalha. Possivelmente décadas se passem
antes que a nova ordem se instale nesse planeta, se é que um dia isso irá
acontecer. E tudo isso por termos confiado em quem nunca deveria ter sido
merecedor da nossa confiança. Nas urnas posso dar meu voto, mas não serei
depositária da minha confiança.
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