14/05/2018

A NOVA ERA NA POLÍTICA BRASILEIRA

Eliani Gracez

Muito se falou sobre New Age (nova era), mas pouco se fez para de fato viver uma nova era. New age é um movimento de contracultura e contra dogmas que surgiu entre as décadas de 1960 e 1970, e pede por uma nova ordem global, um novo modelo de consciência moral, social, enfim, pede por uma nova psicologia onde haja uma simbiose com a natureza e o cosmo em todas as suas dimensões. No entanto, a nova ordem tem como base princípios teosóficos do século XIX e princípios metafísicos do passado. Uma tentativa de estabelecer uma nova ordem global a partir do velho. Isso significa uma troca de seis por meia dúzia. Tiraram a velharia que não servia mais e colocaram o velho considerado mais adequado a liberdade de jovens daquela época. Talvez, por isso, uma nova era, ou nova ordem global, tenha sido apenas um idealismo a mais. A guerra continua e cada vez mais cruel. Irmãos nascidos para o amor matam-se simultaneamente. Que nova era é essa? O paz e amor, tão anunciado, sucumbiram em meio a violência e ao ódio que tomaram conta do planeta. No Brasil a corrupção aniquilou com a confiança do povo que, descrente, não sabe em quem votar, ou, ainda, se faz diferença votar. Afinal, tirar um corrupto e eleger outro, assim como a New age, também é trocar seis por meia dúzia. O brasileiro não confia mais na política brasileira, que possui, desde o passado, os pés na lama. E agora, como estabelecer uma nova ordem em meio a tanta desordem? Seria isso possível? Seria possível confiar de novo em quem se depositou a confiança e o voto e depois se demonstrou ser uma decepção? Diz o ditado popular que confiança uma vez perdida não tem como ter de volta. No passado eu votei no Lula e posteriormente na Dilma, meus ideais se identificavam com a classe trabalhadora e oprimida. Quando Dilma foi eleita fiquei feliz por ter uma mulher no poder. Acreditei em uma nova era próspera. Ver Dilma governando o Brasil na sombra de Lula foi decepcionante. O poder estava com ele e não com a presidente. Mas voltemos a nossa questão: seria possível confiar novamente em uma “instituição chamada política” que tanta decepção causou? Confesso, não tenho a resposta, mas deixo a questão aberta ao debate civilizado, para que não se caia na ilusão de uma nova ordem. Talvez, uma nova ordem só possa ser estabelecida por quem nunca tenha participado de uma guerra e não tenha emporcado a natureza de sangue, ou, quem sabe, a nova ordem tenha que ser estabelecida por aqueles que já participaram de uma guerra e sabem o que é ver sangue inocente derramado em campo de batalha. Possivelmente décadas se passem antes que a nova ordem se instale nesse planeta, se é que um dia isso irá acontecer. E tudo isso por termos confiado em quem nunca deveria ter sido merecedor da nossa confiança. Nas urnas posso dar meu voto, mas não serei depositária da minha confiança.


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