13/04/2009

O HOMEM DO TEMPO

Eliani Gracez

O
 tempo é um eterno agora. O passado já acabou e o futuro ainda não começou. Isso me diz que a vida acontece no presente. Um dia desses, parei no terraço no meu local de trabalho, olhei às pessoas andando tão apressadas, como se não houvesse tempo. Apressadas por quê? A pressa seria para trabalhar mais, me perguntei. Quem sabe tanta pressa seria para ir para casa e finalmente descansar? Mas às três horas da tarde, quem é que pensa em descanso a essa hora?! Quase não acreditei no que estava vendo, pressa, pressa, pressa para todos os lados. Por que tanta pressa?, quando tempo é tudo o que se tem! Tempo para nascer, tempo para crescer, tempo para morrer. Há tempo para tudo nessa vida. Porque então tanta pressa, me perguntei ali parada olhando para aquelas pessoas que se encaminhavam cada uma ao seu destino. Talvez fosse melhor dizer, quase correndo para o seu destino, como se ele, o destino, fosse de vital importância e não existisse nada a mais no tempo, somente ele, o destino. Porque não param, porque não se questionam sobre seu destino. Porque permitem que o tempo os arraste com sua avalanche de coisas à realizar. Meu pensamento não parava, não entendia o porquê de tanta pressa, embora me fosse possível compreender o grande mal que existe em estar a mercê do tempo. A natureza do tempo é igual a qualquer outra natureza, rebelde e devastadora, caso não seja controlada. Pensando bem, talvez na natureza do tempo estejam contidas todas as demais naturezas, inclusive a natureza da brevidade da vida. Os anos transcorrem rápidos e velozmente, e por vezes, em pleno esplendor da vida, ela nos abandona. Não seria melhor cuidar do tempo como quem cuida de um patrimônio, sem desperdiçar nada. Se aquelas pessoas fizessem a conta de sua existência e vissem quanto tempo gastam em disputas pelo poder, quanto tempo foi perdido com brigas conjugais, quanto tempo perderam falando mal de alguém, quanto tempo gastaram com ódios e ira ou desesperados por um amor não correspondido. ― Quanto tempo perdido! Veriam então que pouco tempo sobrou para a felicidade. O lamentável de tudo isso é que muitas pessoas somente se darão de conta disso, quando já não houver mais verdadeiramente tempo, quando o tempo de vida tiver encontrado seu fim. Percebi então, a natureza dos sábios, aqueles que eu havia tanto estudado, eles se colocavam acima do destino, não permitindo que nada perturbasse seu tempo de vida. Uma imperturbabilidade da alma, que só possui quem valoriza a vida que se passa no tempo.

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