Okay, tenho que admitir, perdi para os racionalistas. Na
juventude eu só queria salvar o planeta e achava que o amor e confiança entre
as pessoas seria o caminho. Santa inocência! Anos depois, confesso, muitos anos
depois, eu me vejo ainda como aquela inocente criaturinha que queria mudar o
planeta com amor e confiança entre as pessoas. O problema não são os inocentes,
o problema são aqueles que violentam os inocentes. Viajei algumas vezes para a Austrália, um pais de primeiro mundo, só perdendo
em qualidade de vida para a Suíça, no entanto, o que chama a atenção é que a
Austrália, em uma medida da felicidade, está muito abaixo do esperado. Os australianos
são organizados de forma que nada falte para uma boa vida. Uma mulher, depois
de ganhar nenê, o estado paga para ela ficar em casa só cuidando do filho por
alguns anos. Eu disse por alguns anos, e eu não me equivoquei ao escrever. Mas
então, por que em uma medida da felicidade o australiano fica tão abaixo do
esperado? Embora a sociedade seja estruturada com bases éticas, igualdade
social e financeira, onde o trabalhador mais simples e o trabalhador mais
graduado, ganham quase a mesma coisa, ainda assim o australiano não é feliz. A
felicidade não está tão somente em conceber racionalmente a vida, embora, a
concepção racional faça parte. A felicidade está em uma plenitude que a razão,
com suas limitações, não consegue alcançar. O estado deve se organizar de forma
ética, garantindo liberdade, igualdade e uma vida digna de um ser humano. Mas,
nas relações interpessoais devem ser levadas em consideração não somente a
ética, mas também as coisas do coração. Um equilíbrio entre razão e emoção. Um
equilíbrio entre aquilo que o Estado pode nos dar em termos de organização
social e as nossas subjetividades. A vida tem que ser organizada externamente,
mas também internamente. Organizar a vida interna com suas subjetividade como
se ela fosse um país de primeiro mundo, levando em consideração tão somente a
razão, não é garantia de felicidade.
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