02/06/2018

DA RETÓRICA À VERDADE

Eliani Gracez 

            A Retórica é o uso da linguagem para argumentar de forma persuasiva. A Retórica formou oradores, políticos, advogados, filósofos e escritores que defendem sua razão, paixão e crenças. A Retórica tem sua origem por volta do século V antes de Cristo, com o sofista Górgeas, Protágoras, Empédocles, Sócrates entre outros. Na antiga Grécia, os sofistas eram contratados para defender acusados de algum crime ou de um roubo ou coisas do tipo. Embora a relação dos sofistas com a verdade fosse outra, um bom discurso ou uma boa retórica pode não ter nada a ver com a verdade. Nos dias de hoje, quando dizemos que uma pessoa tem “boa Retóriaca”, embora o termo pareça redundante, mas o fato é que ele é usual, ou, que o discurso de alguém é retórico, estamos dizendo que o discurso não tem nada a ver com a verdade. Em termos de psicanálise, uma Retórica pode ser usada para esconder uma verdade. Nesse momento eu sempre me pergunto, o que a pessoa está escondendo atrás de um belo discurso decorado?! Em muitos casos, pela Retórica vê-se aquilo que o retor quer ocultar. A verdade pode estar inversamente proporcional ao discurso. Mas isso já é uma questão de lógica, lógica esta tão estudada quanto a Retórica para se obter um bom discurso. Para ocultar uma verdade uma lógica deve permear o discurso, onde uma argumentação leva a outra argumentação com conceitos bem explicitados. Muitos confundem lógica com verdade, e ainda dizem: tem lógica, ou, faz sentido, esquecendo-se de que a falsidade ou a mentira também contém lógica e raciocínio, assim como contém inteligência na maldade. Portanto, só porque contém lógica e inteligência, e muitas vezes a lógica da Retórica é a própria inteligência, não quer dizer que seja um bem. Não vamos confundir bem com bom. Afinal, nem tudo que é bom faz bem.  Por isso existe divergência entre os filósofos sobre se os sofistas são ou não são filósofos. Seja como for, a Retórica é fundamental para comunicar uma sabedoria. E assim a Retórica não é boa nem má, depende da índole de quem a usa, depende dos objetivos que uma pessoa de boa ou má índole quer alcançar. Um bom exemplo disso é Hitler que encantou pessoas com um discurso forte acompanhado de gestos de quem já venceu. Me contem, venceu o quê? Licença poética a parte, entre os medievais a Retórica passou a fazer parte das artes liberais ou Trivium, estudos sobre lógica, gramática e retórica, e mais tarde a Retórica passou a ser usada também no discurso escrito.

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