13/09/2015

A CRUELDADE HUMANA


Eliani Gracez 
Uma força destrutiva levou o ser humano, desde a origem dos tempos, à crueldade, e de posse de uma arma sentiu-se superior a outro ser humano, nesse sentido, sentiu-se superior a si mesmo, porque um ser humano é igual a outro ser humano, e somente um Deus é superior. O homem de posse de uma arma sentiu-se um Deus, ou, quem sabe, um demônio que o próprio homem, em sua ignorância, confundiu com Deus. Como se não bastasse matar, queria ainda matar aos poucos, e ver o outro sentindo dor e sofrimento. Nossa história está repleta de gente que ao torturar uma pessoa ou um animal, sentiu prazer com a dor do outro. E assim a fogueira do passado tornou-se a câmara de gás do holocausto, e a guerra continua fazendo seus estragos até o dia de hoje. A crueldade não tem fim! Mas, por que o ser humano, nem tão humano assim, tende a crueldade? Alguns motivos podem ser apontados, entre eles estão a crueldade como uma questão de caráter, ou seja, tem pessoas que são naturalmente ruins, e por isso não mudam. Outro motivo para a crueldade é a desigualdade social como fonte geradora de pessoas sofredoras que se tornam cruéis. E assim a crueldade pode vir dos dois lados. Uma sociedade que não se comove com a miséria humana, é uma sociedade cruel. Por outro lado, o indivíduo que foi criado a margem da sociedade pode desenvolver, igualmente, um ódio cruel. Ainda existe a crueldade para consigo mesmo. Uma entrega atroz ao sofrimento e a autodestruição. Drogas, trabalho excessivo, bebida, má alimentação, cigarro, medo, angústia. Esses são apenas alguns dos motivos que levaria uma pessoa a sua autodestruição. E mesmo nesta situação, muitos ainda assim resistem em procurar uma solução. Buscar uma solução para a crueldade humana exige um esforço muito grande, exige ação e determinação, que para pessoas sem atitude e com medo das consequências de sua ação, sobretudo quando confundem anjos com demônios, movidas por ódio e vingança, tornam-se um grande problema social. Outro grande problema nessa história toda da crueldade é a questão do sofrimento. O sofredor tende a se eximir de seus erros, culpando o outro pelo seu sofrimento, afinal, o outro é sempre o culpado. Não é assim que a maioria pensa? E com isso não precisam enfrentar sua responsabilidade diante do problema. A crueldade é uma condição humana, no entanto temos que passar pela vida com alguma dignidade. As relações de amor também possuem momentos da mais pura crueldade, isso porque o dualismo faz parte do ser humano. No dualismo reside a condição humana. Amor e ódio são bons exemplos disso. No entanto, não é porque odiamos que temos que nos tornar cruéis. Não é porque o mal existe que tenhamos que nos tornar malignos. Da mesma forma a questão da inevitabilidade da morte - a nossa entrega a morte deve ser com dignidade. Que a morte vença, isso não podemos mudar, porém jamais devemos aceitar que a crueldade e a barbárie vençam! Para que o animal intelectual se torne humano, ele terá de se tornar menos cruel e aprender a viver com mais alegria e flexibilidade, e aceitar sua realidade com tranquilidade. Ele terá de ter força para mudar aquilo que está ao seu alcance, e aprender a dançar com a vida para não afundar numa crueldade sem fim. Nesta dança que vença o mais sábio e não o mais forte. Que vença não o mais inteligente, mas sim a sabedoria do ser humano, porque o mal tem lá a sua inteligência, embora, para nossa sorte, ele é desprovido de sabedoria. E, por isso, ser inteligente nem sempre quer dizer muita coisa.




Um comentário:

Tim disse...

A crueldade é o poder do covarde.