09/04/2014

A CURA DA LOUCURA


Eliani Gracez
No período medieval, “loucos”, prostitutas, excluídos do meio social e pessoas que não se ajustavam moralmente, eram enclausurados em hospícios e tratados como doentes mentais. Francamente, é difícil de dizer qual loucura foi maior, se a cura da loucura ou a loucura da cura. Com relação à depressão, talvez estejamos ainda com a mesma dificuldade que os medievais. Parece que nos dias de hoje, todos viraram depressivos. Quem ainda não tomou remédio para esse mal? Cuidado, pois corremos o risco de nos tornar uma sociedade de dependentes químicos, seja pelo uso de drogas alucinógenas, ou, pelo consumo indiscriminado de medicamentos para regular o humor. Se no passado colocavam em manicômios “loucos”, prostitutas e desajustados sociais, nos dias atuais, a confusão foi apenas repaginada, ainda permanece a dificuldade em determinar quem realmente tem necessidade de química para regular seu humor, e quem está apenas triste. Mas no mundo do artificial, a alegria também tende a se tornar igualmente artificial, movida por drogas, bebidas alcoólicas e antidepressivos. Para piorar a situação, tem aqueles casos sem cura, nem toda doença mental tem cura. Existem casos de mentes perturbadas e com ruptura total da realidade. Psicóticos, esquizofrênicos etc., vivendo exclusivamente em seu mundo mental, arquitetando planos com riqueza de detalhe e, em alguns casos, com requinte de crueldade. A mente dessas pessoas não para, não as deixa em paz. Por sorte, se é que há alguma, psicóticos são mais raros de serem encontrados. Com tanto avanço tecnológico, a mente do ser humano ainda está para ser desvendada. Questões do tipo – onde se formam nossos pensamentos e o que é consciência, ainda não estão suficientemente esclarecidas. Neurocientistas e filósofos da mente são irmãos desunidos, cada qual com sua teoria. Alguns neurocientistas reduzem tudo a conexão neuronal ou sinapse, embora nem todos concordem com esse reducionismo que pouco tem contribuído, afinal, somos mais do que um cérebro. Somos seres dotados também de consciência, sofremos e sentimos dor.

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