A vida é uma obra de arte inacabada. Fui embora e deixei tanta
coisa para fazer... Na arte estava o meu ser e não em um conceito limitado. A
arte, fechada em um conceito, limita a criatividade. Provoquei amor e ódio
porque a arte afeta e penetra. Não tive controle sobre minha arte porque a
criatividade é incontrolável, tão pouco tive controle sobre minha obra, afinal,
minha obra comporta muito mais do que aquilo que eu quis dizer. Agora que não
sou mais, só peço que façam justiça com a minha arte e se coloquem no meu lugar
para tentar compreender um pouco do que eu fui. Isso é justo, colocar-se no
lugar do outro. Talvez, e somente talvez, a maior de minhas obras seja aprender
a morrer para poder viver. Esse é o sentido da transfiguração. O artista é aquele
que cria e recria sua arte. E, quem sabe, a maior de todas as artes esteja em
criar a si mesmo, porque a arte nos faz ressurgir como seres que no
encantamento afetam uns aos outros, e uma vez afetado, traz a superfície da
vida aquilo que estava antes no inconsciente. Compreender a arte é compreender
a si mesmo, é compreender a vida que pulsa em cada ser. E assim eu vivi... Quem
sou eu? O artista, o artesão, o criador que está implícito na obra de arte.
Pela obra vê-se o criador. Quem sou eu?, o criador ou a criatura que revela o
criador?!
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