Eliani Gracez
Somente quando um
pensamento mais ousado bate a porta é que vamos saber se a pessoa é libertadora
de fato ou só de discurso. Se ela se valer de antigos clichês para refutar a
ousadia de um novo pensamento, seu discurso de liberdade só serve para camuflar
seu conservadorismo em nada progressista. Aceitar o pensamento de pessoas
ousadas é abrir mão do poder e acolher o outro como alguém igual a si, com o
mesmo direito de pensar por si. O não acolhimento do outro com suas diferenças
é um medo da perda do poder já estabelecido e solidificado, é pensar ser
superior ao outro. Uma soberba atroz. Portanto, não é o pensamento que nos une,
mas sim a capacidade de acolhimento do nosso irmão, mesmo sendo ele muito
diferente de nós. Mas isso não é um ato da razão, e sim do coração. Para tanto
é preciso que se tenha coração. Quem não acolhe o outro não tem coração. Por
outro lado, é muito fácil acolher o outro quando ele pensar igual a nós, isso
acontece dentro de irmandades, que se fortalecem a si mesmas. Instituições fechadas
ao outro com discurso libertário. Mentes com medo do seu próprio coração, com
medo de perder o Status quo, agarradas ao que conquistaram, com medo de perder
o controle sobre a situação e, por consequência, o poder. Algumas pessoas
chocam os moralistas de plantão, mas, lembrem-se – são elas quem provocam o
pensamento crítico que leva ao crescimento. Ao invés de repudiarmos pessoa
assim, deveríamos agradecer à elas por nos lembrar do quanto somos retrógrados,
limitados, ou, o quanto somos prisioneiros do nosso próprio pensamento,
prisioneiros de nós mesmos. Pior ainda quando o prisioneiro tem um discurso
libertário por não conhecer o ponto certo da sua prisão, ou ainda, quem sabe,
somente não quer admitir que é um prisioneiro como qualquer outro. Admitir sua
prisão implica novamente na perda de poder. Não dar espaço para a opressão do
passado é um dos desafios do pós modernismo. No modernismo muitas pessoas
saíram do armário nas mais variadas camadas da sociedade, e deram um grito de
liberdade. No pós modernismo temos que acolhê-los e integrá-los como um ser
igual, um ser aí no mundo. E assim um não aprisiona o outro, pelo contrário, um
acolhe o outro. A prisão do passado fora moldada onde limites do pensamento
foram impostos a moral. Pequenas pessoas impondo sua moral, seu pensamento, e
moldando seres humanos a seu feitio. E isso se aplica as pacíficas
manifestações onde pessoas agressivas se infiltram para impor a ordem pela
força e violência. A pós modernidade tem que vencer isto e encontrar a paz com
liberdade pacífica de expressar seus anseios e sentimentos. Afinal, queremos
mudanças de fato, para tanto é preciso se reinventar como pessoas de fato, e
não como um pensamento já pensado ao longo dos séculos. De teorias estamos
todos fartos! Talvez fosse melhor dizer que de platonismo estejamos fartos, ou
é real ou então não existe.
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