07/04/2014

AFINAL, QUE LIBERDADE É ESSA


Eliani Gracez
Somente quando um pensamento mais ousado bate a porta é que vamos saber se a pessoa é libertadora de fato ou só de discurso. Se ela se valer de antigos clichês para refutar a ousadia de um novo pensamento, seu discurso de liberdade só serve para camuflar seu conservadorismo em nada progressista. Aceitar o pensamento de pessoas ousadas é abrir mão do poder e acolher o outro como alguém igual a si, com o mesmo direito de pensar por si. O não acolhimento do outro com suas diferenças é um medo da perda do poder já estabelecido e solidificado, é pensar ser superior ao outro. Uma soberba atroz. Portanto, não é o pensamento que nos une, mas sim a capacidade de acolhimento do nosso irmão, mesmo sendo ele muito diferente de nós. Mas isso não é um ato da razão, e sim do coração. Para tanto é preciso que se tenha coração. Quem não acolhe o outro não tem coração. Por outro lado, é muito fácil acolher o outro quando ele pensar igual a nós, isso acontece dentro de irmandades, que se fortalecem a si mesmas. Instituições fechadas ao outro com discurso libertário. Mentes com medo do seu próprio coração, com medo de perder o Status quo, agarradas ao que conquistaram, com medo de perder o controle sobre a situação e, por consequência, o poder. Algumas pessoas chocam os moralistas de plantão, mas, lembrem-se – são elas quem provocam o pensamento crítico que leva ao crescimento. Ao invés de repudiarmos pessoa assim, deveríamos agradecer à elas por nos lembrar do quanto somos retrógrados, limitados, ou, o quanto somos prisioneiros do nosso próprio pensamento, prisioneiros de nós mesmos. Pior ainda quando o prisioneiro tem um discurso libertário por não conhecer o ponto certo da sua prisão, ou ainda, quem sabe, somente não quer admitir que é um prisioneiro como qualquer outro. Admitir sua prisão implica novamente na perda de poder. Não dar espaço para a opressão do passado é um dos desafios do pós modernismo. No modernismo muitas pessoas saíram do armário nas mais variadas camadas da sociedade, e deram um grito de liberdade. No pós modernismo temos que acolhê-los e integrá-los como um ser igual, um ser aí no mundo. E assim um não aprisiona o outro, pelo contrário, um acolhe o outro. A prisão do passado fora moldada onde limites do pensamento foram impostos a moral. Pequenas pessoas impondo sua moral, seu pensamento, e moldando seres humanos a seu feitio. E isso se aplica as pacíficas manifestações onde pessoas agressivas se infiltram para impor a ordem pela força e violência. A pós modernidade tem que vencer isto e encontrar a paz com liberdade pacífica de expressar seus anseios e sentimentos. Afinal, queremos mudanças de fato, para tanto é preciso se reinventar como pessoas de fato, e não como um pensamento já pensado ao longo dos séculos. De teorias estamos todos fartos! Talvez fosse melhor dizer que de platonismo estejamos fartos, ou é real ou então não existe.

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