Olhando uma cena
comum em um parque, vi uma criança que se lançava de cima de um brinquedo nos
braços de seu pai. A certeza do amparo e da mão firme e da confiança em seu pai
deram segurança para aquela criança. E assim ela se lançou confiante de que não estava
sozinha, alguém cuidava dela. E o braço forte do pai a amparou. No entanto, nem
todos receberam o amparo necessário na infância para se tornarem adultos
seguros de suas decisões. O desamparo pode gerar insegurança pela vida a fora.
Não foram todos que tiveram o braço firme e o olhar amoroso que dá a segurança
de sermos amados, ou uma estrutura familiar e os cuidados da mãe. Quantos não
tiveram isso?! Pelo contrário, tiveram o olhar de quem sabia que a punição
viria. Quantos cresceram sem amparo. E a insegurança hoje toma conta de pessoas
que nem se deram de conta do seu desamparo. A fragilidade humana começa quando
nascemos, pois, o nenê necessita ser amparado, cuidado. E com isso começa a
dependência na formação de cada pessoa. Portanto, a posição natural do ser
humano é de desamparo, e precisa do amparo para sobreviver. Precisa do cuidado
do outro. Para Nietzsche, o homem é uma corda estendida entre o animal e o
super-homem, uma corda sobre o abismo. O caminho do homem passa pelo abismo!
Isso nos diz que o caminho é inseguro e perigoso. Nietzsche anuncia a morte de
Deus, e assim o homem fica desamparado até mesmo daquilo que lhe é sagrado,
Deus. E agora, como viverá o homem sem sua luz?! Embora seja no desamparo que
as religiões encontram seu lugar. Um porto seguro, uma mão invisível, uma moral
que garanta estar fazendo a coisa certa, uma fé, uma crença em algo, uma
certeza mesmo que ilusória. O homem precisa de algo para se apoiar. Nietzsche
tira do homem um valor supremo, o amparo de Deus, e no lugar ele oferece o
Super-homem que se apóia em sua própria força e vontade de potência. E assim o
homem é uma corda estendida sobre o abismo que liga o animal e a potência de
sua vontade, o super-homem. A desconstrução que Nietzsche faz deixa o homem
desamparado, sem Deus, sem uma verdade universal. Nietzsche fala do último
homem, aquele que perdeu sua força, esgotado, desiludido, o último homem não
sabe o que é amor, porque tudo perdeu. Para esses, Nietzsche oferece um novo
caminho, o caminho da superação. O super-homem é aquele que suporta as mais
difíceis situações da vida. O super-homem é o nobre que constrói a si mesmo. O
super-homem é a pessoa que vence o homem e a fragilidade humana amparado
somente em si. É aquele que se coloca no nada existencial e não teme a passagem
sobre o abismo. Mas, quem não conseguir superar a si mesmo e o desamparo,
poderá vir a desenvolver, no âmbito mental, pânico, neuroses, dor, sofrimento....
Viver sem se apoiar em nada externo a si mesmo, realmente, eis o super-homem.
Viver é um ato de fé, não como as religiões colocam, mas sim fé em si mesmo e
na capacidade humana de superação, porque de concreto só se tem a morte.
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