Eliani Gracez
– Coach, Psicanalista e Filósofa clínica
Inspirado em Claudio Mello Wagner, “indesejáveis
até que ponto?” A sociedade cria pessoas "indesejáveis" e depois as
exclui. O desejo inicial é de que essas pessoas não existissem, por isso, a
sociedade finge que elas não existem. Os “indesejáveis” são dependentes
químicos, esquizofrênicos, doentes mentais, moradores de rua etc. Ameaçada, a
sociedade aumenta a repressão para manter os “indesejáveis” o mais longe
possível. Cria-se então a indústria da segurança: grades, alarmes, portaria 24
horas. A sociedade trata como se a solução fosse manter os indesejáveis o mais
longe possível. Essa é a saída encontrada pela sociedade. No entanto, saída não
é solução. Saída é paliativo, a solução está em deixar de produzir “indesejáveis”,
e parar de produzir “indesejáveis” é ir ao mundo do outro para ver o que tem
lá, para isso, temos que enfrentar os nossos medos e limites. Temos que
enfrentar a falência social e moral. Temos que ir ao vale da morte onde o outro
se encontra marginalizado social e culturalmente. Cada sociedade ou organização
social produz regras, leis, estatutos, e deseja que seus indivíduos concordem
com isso. Aqueles que não se enquadram tornam-se “indesejáveis” e, portanto, um
problema social. Assim são eliminados os subversivos ou aqueles que ultrapassam
a legalidade. A sociedade trata os “indesejáveis” como se fossem doentes, no
entanto, o doente é a sociedade que produz seres humanos que não se enquadram
dentro das normas e depois os exclui como se fossem lixo ou coisa descartável.
Cada pessoa tem uma singularidade que tem que ser incluída na coletividade.
Espera-se uma simbiose perfeita desta união, o problema, nesse caso, está no
esperado, visto que nem sempre a singularidade de cada pessoa se enquadra no
ideal social. O problema agora é o que fazer com os “indesejáveis”, mas,
sobretudo, o que fazer com aqueles que indesejam os indesejáveis.
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