
16/11/2012
A GERAÇÃO DA MINHA GERAÇÃO

23/07/2012
DA SERVIDÃO MODERNA
Eliani Gracez-Filósofa clínica e Psicanalista
Segundo o documentário
“Da servidão moderna”, de Jean-François Brient, que está na internet com um
apelo marxista, a escravidão não terminou, apenas mudou sua ideologia. A
escravidão moderna é voluntária. O novo escravo escolhe o amo que ele quer
servir, e com isso se julga livre. Estranha modernidade, diz o documentário,
uma classe que não quer enxergar a sua servidão, não conhecem a rebelião. Não
lutam mais pela sobrevivência ou por um lugar ao sol, lutam por um objeto que
lhes deem status social. A aglomeração em que vive e mora o escravo moderno, é
reflexo da servidão. Semelhante a jaulas e prisões. O escravo moderno paga por
sua jaula, e nela acumula mercadoria, sonhando em ser feliz. A ideologia de
massa despoja cada ser de si mesmo. Não é mais a demanda que determina a
oferta, mas sim a oferta que determina a demanda. E assim o escravo compra o
que lhe é imposto – o modelo novo de celular, o carro com alta tecnologia. O
velho computador não serve mais, o escravo moderno precisa de um computador de
última geração, mesmo que seja só para acessar o Facebook. O escravo moderno
não está no comando da situação, a situação comanda o escravo. A cada instante
surgem novas necessidades para o escravo moderno, e é mais fácil aceitar a
demanda imposta pelo mercantilismo do que lutar contra ela. E o que dizer da
alimentação do escravo moderno, é quando ele se alimenta que demonstra melhor o
estado de sua decadência. Sem tempo para se alimentar melhor, o escravo moderno
se obriga a engolir rápido o que a indústria agropecuária produz. Consome o que
a indústria da falsa abundância lhe permite consumir. A falsa ilusão da
abundância de escolha pelos alimentos disfarça a degradação dos conservantes e
corantes, dos pesticidas e hormônios. Irmãos menores, parafraseando São Francisco,
são mortos cruelmente para servir de alimento. Mas o escravo moderno não se
importa com isso. A regra do consumo é o prazer imediato. Como resultado deste
prazer, o escravo está se tornando obeso. A produção de energia, de alimento e
de lixo, está acabando com o planeta. As mudanças em termos de cuidados para
com a natureza planetária são superficiais. E tudo continua como era antes.
Para o escravo moderno não se rebelar contra o sistema consumista, houve uma
inversão de valor. No passado, o trabalho era para quem não tivesse nobreza.
Hoje, o trabalho enobrece o homem. Com esse pensamento o escravo alienou-se
mais ainda. Com tanto trabalho, passam a vida a produzir aquilo que somente
alguns terão direito de usufruir. Triste servidão! Obedecer, produzir e
consumir, eis a regra. O escravo moderno obedece aos pais, obedece aos
professores, obedece ao patrão. “De tanto obedecer, adquire reflexos de
submissão”. Da obediência surge o medo de aventurar-se, medo de arriscar-se. O
escravo moderno não sabe viver sem o poder que o criou, por isso ele continua a
obedecer. O poder que governa o mundo tem o consentimento do escravo moderno,
ele está disposto a pagar o preço por todo esse consumismo. O escravo moderno
também precisa de um Deus, por isso entrega sua alma ao deus do dinheiro. Em
nome desse novo deus, o escravo moderno estuda, trabalha, luta e serve
fielmente. Em nenhum outro tempo alguém serviu tanto a um Deus como nos dias de
hoje. O escravo moderno entende que o novo deus o libertará. Como se o dinheiro
andasse de mãos dadas com a liberdade. O novo deus ninguém ousa recriminar. E
assim a forma de poder forma escravos para o novo deus desde a infância.
Crianças aprendem pela televisão que é possível usar daquilo que é mais baixo
para vender qualquer coisa. Vender é tudo o que importa ao sistema consumista.
O consumismo está acabando com o planeta.

08/05/2012
O SUPRASSUMO DA INJUSTIÇA É PARECER JUSTO SEM SER
O título deste artigo foi
extraído do livro A República, de Platão. Vejam só, as aparências nos enganam
desde longa data, e os corruptos sabem disso melhor do que qualquer filósofo.
Ser justo não vale a pena, dizia Glaucon, no livro A República, afinal, ser
justo não traz garantia de lucro. Pensamento como esse, entre outros, foram
motivo de debate na República platônica, e ainda permeiam o mundo atual. Semelhança
à parte, a corrupção tem que ter fim neste país, pois se outros países
conseguiram acabar com a corrupção, nós também podemos fazer o mesmo. Chega de
sermos enganados, de tudo virar em pizza. Houve época, no Brasil, onde não se
podia investigar a corrupção nas bases governistas, só na oposição isto seria
possível. Como se só a oposição fosse corrupta. Isso foi uma afronta a
inteligência do pacífico povo brasileiro. A afronta hoje é um pouco diferente.
Um senador da república só é corrupto se o grampo telefônico for autorizado
pelo STF. A lei existe, entre outros motivos, para organizar a sociedade, ela
não pode ser instrumento da corrupção. Uma lei que protege corruptos, não serve
a sociedade. Nesse caso trata-se de tirania que em nada contribui ao humano.
Criamos um monstro que nos oprime. Não servindo nem mesmo para acabar com a
corrupção. E cá entre nós, porque um senador precisa da autorização do
“supremo” para ser investigado, será que ele é melhor do que o povo brasileiro?
Por ventura ele não saiu do povo? De qual planeta ele veio? Ao contrário, a lei
deveria de ser mais rigorosa para com os nossos políticos, pois eles não
enganam a uma só pessoa, eles enganam a milhões de brasileiros. A lei deveria
ser mais rigorosa com os políticos, pois eles não roubam para matar a fome e
nem por desconhecimento da lei. Eles roubam por conhecer as brechas da lei,
roubam por serem ladrões e mau caráter. Nossos políticos sabem que foram
eleitos pelo povo e para o bem do povo, mas optam pela tirania legalizada. Para
o tirano o povo não importa. O que importa é o “foro privilegiado” que apoia a
corrupção na política brasileira. E assim nossos políticos não são ladrões,
eles são feitos Zeus, que uma vez no Olimpo, podem tudo. Ano de eleição, pois
é... as aparências nos enganam. Se pelo menos a lei não nos enganasse... Mas a
lei parece ser justa, não é mesmo? O suprassumo da injustiça é parecer justo
sem ser.
28/04/2012
EDUCAÇÃO E LIBERDADE
Entre
os seres que vivem neste planeta, os humanos nascem sem identidade própria, sua
identidade é construída a partir do modelo social vigente. O instinto de
preservação e de identidade nos animais está interiorizado, e de si eles
retiram seu próprio agir e modo de ser. Mas com a espécie humana não acontece o
mesmo. Um exemplo disso são as meninas lobas encontradas em 1920 na Índia. Elas
foram criadas pelos lobos e desenvolveram características de lobos e não de
humanos. Isso justifica a importância da educação, e dos bons exemplos, porque
os humanos não sabem tirar de si sua própria identidade, e por isso necessitam
de um modelo para se desenvolver. O que os jovens veem é corrupção, violência
social, injustiça, impunidade, desrespeito as leis, e na televisão assistem a
programas que não contribuem em nada com sua formação. Fácil está de perceber a
inexistência de um modelo de Ser Humano para jovens e crianças se
identificarem. O líder do rebanho não é mais um homem ou uma mulher, mas sim o
computador. Em uma época onde a moral e os valores são duvidosos, e o honesto é
chamado de “boboca”, o indivíduo perde seu referencial, causando desestrutura
pessoal. Ao culpar a família pela desestrutura da educação, é preciso lembrar
que este modelo foi, desde longa data, opressor, e, muitas vezes, violento. Homens
construíram uma estrutura machista em cima de uma base não sólida, por isso,
mais cedo ou mais tarde, a casa teria que desabar. O moralismo do passado já
não serve mais. E agora não sabemos o que fazer para estabelecer uma nova
ordem. Em meio a desordem, as drogas estão se tornando uma epidemia. Mas o que
leva uma pessoa a se tornar um consumidor de drogas? Talvez seja insegurança,
imaturidade, irresponsabilidade, ausência de valores, falta de um ideal,
desestrutura pessoal e familiar, curiosidade, fuga, modismo, e, sobretudo,
problemas na educação. Um jovem bem educado sabe que a escolha certa é dizer não
as drogas. E agora, como restabelecer a ordem em meio ao caos? O fato é que
este mundo já não é mais o mesmo, esse velho planeta mudou. A mulher mudou, a
criança mudou, o homem também mudou. E onde estão nossos idosos? Estão em um
processo contrário, estão rejuvenescendo. A tecnologia tomou conta da vida.
Computadores, máquinas informatizadas, inúmeros satélites rodeando o planeta.
Tornamos-nos Ciborgues e nos movemos simultaneamente no real e no virtual. Com
toda essa mudança que perpassa o planeta, nos esquecemos de nossas crianças,
nos esquecemos que elas também mudaram e não querem mais ser tratadas como no
passado. A vida cheira a liberdade. Liberdade de ação, de expressão, de credo
etc. Somos livres sim. E com isso, nos deparamos com um grande desafio. O
desafio de fazer uso da liberdade para o desenvolvimento, e não para a
destruição. O problema tornou-se claro quando vemos jovens que não sabem administrar
sua liberdade, usando drogas. O problema reside no conceito de liberdade, pois
tem quem pense que liberdade é fazer o que bem entende da vida. Um prisioneiro
só é prisioneiro porque não tem liberdade de escolha. Se tivesse não seria
prisioneiro, escolheria ser livre. Isso nos faz pensar que o lugar da liberdade
reside no ato de fazer escolhas. Mas poucas são as pessoas educadas para
compreender que cada escolha tem uma consequência. Para cada ação existe uma
consequente reação. Quem não pensa nas consequências, não é livre, é
prisioneira de suas escolhas. Você já se perguntou o que seu filho fará com a
liberdade dele? Sim, seu filho tem liberdade. Como podemos pensar que jovens
educados a partir de um conceito de liberdade equivocado, e com um modelo
social corrupto, possam ter educação.
18/03/2012
AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES

16/03/2012
OS SAPATINHOS VERMELHOS
Em Os sapatinhos vermelhos, Hans Christian Andersen nos fala sobre
o que acontece quando a vida criativa é sufocada por uma moral inautêntica. Era
uma vez uma pobre órfã que não possuía sapatos. Com restos de trapos a menina
conseguiu costurar um par de sapatos vermelhos. Eles eram simples, mas ela
adorava o fato de os sapatinhos vermelhos terem sido feitos com suas próprias
mãos. Sentia orgulho disso. Um dia, porém, quando estava andando maltrapilha
pela estrada com seus sapatinhos vermelhos, uma carruagem dourada parou ao seu
lado. De dentro da carruagem, uma rica senhora de idade avançada disse a pobre
órfã que a levaria para sua casa e a trataria como se trata a uma filha. Seus
sapatos feitos a mão, orgulho da menina, foram trocados por reluzentes sapatos
feitos por um sapateiro. Ganhou roupas de lã e meias para aquecer seus pés no
inverno. Quando a menina perguntou pelos sapatinhos vermelhos, a velha senhora
respondeu que eles eram tão feios que ela os colocara no lixo. Triste, por
perder seus sapatinhos feitos à mão por ela mesma, ganhava tudo pronto. A
menina era obrigada a ficar sentada e quieta sem pular, e só podia falar quando
lhe era solicitado. Conforme manda os bons modos. No dia de sua crisma, o
sapateiro fez sapatos novos. Como a velha senhora era quase cega, semelhante a
alguns responsáveis por crianças, não percebeu que a menina escolhera sapatos
vermelhos. E assim, os sapatinhos vermelhos feitos a mão e com a criatividade
da menina, foram substituídos por sapatos vermelhos comprados prontos. Informada,
a velha senhora, sobre a cor dos sapatos de sua filha, fez o que muitos fazem,
proibiu a menina de usar sapatos daquela cor. Como se proibir fosse o
suficiente. A menina se apegou tanto aqueles novos sapatos, que usava ele
escondida da velha senhora. Ao colocá-los a menina tinha o impulso de dançar
livremente. Dançava, dançava e dançava, até não poder mais. Dançava tanto que
todos tentaram segura-la, mas foi inútil, ela não conseguia mais parar de
dançar. Saiu dançando porta a fora sem percebeu que ela perdera o controle
sobre os sapatos. Ela queria andar para a esquerda, mas os sapatos andavam para
a direita. A menina tentou se livrar dos sapatos. Mas ela dançava tanto que não
conseguiu. Os sapatos a conduziram para a floresta sombria, onde poucos
sobrevivem por lá. A menina lamentou-se por se deixar levar pelo fascínio
daqueles novos sapatos, tudo o que ela queria era sentir-se tão bem como se
sentira com os sapatinhos vermelhos feitos a mão por ela mesma. Não conseguindo
retirar os sapatos da menina, o único jeito foi amputar os dois pés. Com
sequelas para o resto da vida, a menina teve que sobreviver trabalhando como
criada em uma casa de família. Segundo Clarissa Pinkola Estés, esta história
nos fala da desvalorização da vida natural e dos danos aos instintos básicos de
sobrevivência em uma educação que desvaloriza a criatividade natural. Onde a
moral coletiva sufoca a vontade individual. Sufocado, o indivíduo sai em busca
de algo que lhe dê algum prazer, alguma alegria. A falta de alegria natural
levou a menina dos sapatos vermelhos ao vício. Quantas pessoas que perderam a
alegria de viver estão nesse momento nas esquinas comprando qualquer coisa para se entorpecer e dançar.
Eliani Gracez Nedel
Eliani Gracez Nedel
22/02/2012
CAÇADORAS DE OSSOS

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