Entre
os seres que vivem neste planeta, os humanos nascem sem identidade própria, sua
identidade é construída a partir do modelo social vigente. O instinto de
preservação e de identidade nos animais está interiorizado, e de si eles
retiram seu próprio agir e modo de ser. Mas com a espécie humana não acontece o
mesmo. Um exemplo disso são as meninas lobas encontradas em 1920 na Índia. Elas
foram criadas pelos lobos e desenvolveram características de lobos e não de
humanos. Isso justifica a importância da educação, e dos bons exemplos, porque
os humanos não sabem tirar de si sua própria identidade, e por isso necessitam
de um modelo para se desenvolver. O que os jovens veem é corrupção, violência
social, injustiça, impunidade, desrespeito as leis, e na televisão assistem a
programas que não contribuem em nada com sua formação. Fácil está de perceber a
inexistência de um modelo de Ser Humano para jovens e crianças se
identificarem. O líder do rebanho não é mais um homem ou uma mulher, mas sim o
computador. Em uma época onde a moral e os valores são duvidosos, e o honesto é
chamado de “boboca”, o indivíduo perde seu referencial, causando desestrutura
pessoal. Ao culpar a família pela desestrutura da educação, é preciso lembrar
que este modelo foi, desde longa data, opressor, e, muitas vezes, violento. Homens
construíram uma estrutura machista em cima de uma base não sólida, por isso,
mais cedo ou mais tarde, a casa teria que desabar. O moralismo do passado já
não serve mais. E agora não sabemos o que fazer para estabelecer uma nova
ordem. Em meio a desordem, as drogas estão se tornando uma epidemia. Mas o que
leva uma pessoa a se tornar um consumidor de drogas? Talvez seja insegurança,
imaturidade, irresponsabilidade, ausência de valores, falta de um ideal,
desestrutura pessoal e familiar, curiosidade, fuga, modismo, e, sobretudo,
problemas na educação. Um jovem bem educado sabe que a escolha certa é dizer não
as drogas. E agora, como restabelecer a ordem em meio ao caos? O fato é que
este mundo já não é mais o mesmo, esse velho planeta mudou. A mulher mudou, a
criança mudou, o homem também mudou. E onde estão nossos idosos? Estão em um
processo contrário, estão rejuvenescendo. A tecnologia tomou conta da vida.
Computadores, máquinas informatizadas, inúmeros satélites rodeando o planeta.
Tornamos-nos Ciborgues e nos movemos simultaneamente no real e no virtual. Com
toda essa mudança que perpassa o planeta, nos esquecemos de nossas crianças,
nos esquecemos que elas também mudaram e não querem mais ser tratadas como no
passado. A vida cheira a liberdade. Liberdade de ação, de expressão, de credo
etc. Somos livres sim. E com isso, nos deparamos com um grande desafio. O
desafio de fazer uso da liberdade para o desenvolvimento, e não para a
destruição. O problema tornou-se claro quando vemos jovens que não sabem administrar
sua liberdade, usando drogas. O problema reside no conceito de liberdade, pois
tem quem pense que liberdade é fazer o que bem entende da vida. Um prisioneiro
só é prisioneiro porque não tem liberdade de escolha. Se tivesse não seria
prisioneiro, escolheria ser livre. Isso nos faz pensar que o lugar da liberdade
reside no ato de fazer escolhas. Mas poucas são as pessoas educadas para
compreender que cada escolha tem uma consequência. Para cada ação existe uma
consequente reação. Quem não pensa nas consequências, não é livre, é
prisioneira de suas escolhas. Você já se perguntou o que seu filho fará com a
liberdade dele? Sim, seu filho tem liberdade. Como podemos pensar que jovens
educados a partir de um conceito de liberdade equivocado, e com um modelo
social corrupto, possam ter educação.
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